Peter Orban Orban itibaren Bhurivel, Gujarat, Hindistan
Um ronin indo atrás de 48 demônios que ficaram cada um com uma parte de seu corpo devido um sacrifício por terras realizado por seu pai dissidente é uma excelente premissa. Ainda mais quando todos os membros faltantes desse sujeito foram reconstruido com próteses letais, como espadas no lugar de braços falsos e outras artimanhas disfarçadas com explosivos e ácidos. "Nobody is born whole" também é uma boa chamada de contra-capa e permeia alguns dos momentos reflexivos do livro. Porém, o que poderia ser uma grande história, como qualquer um dos épicos de Tezuka e mesmo com uma arte que não é lá tão magnífica, acaba perdendo força em meros três volumes que parecem não fazer jus à magnitude do mote, principalmente quando se percebe um vício episódico e desvinculado de um propósito maior à trama em cada novo encontro demoníaco do samurai-pinocchio-chuta-traseiros-de-demônios. Os pequenos arcos vão se concluíndo, mas a história no geral não se desenvolve, sendo tudo resolvido com um final abrupto. Quem sabe teríamos um excelente Tezuka se a história houvesse se prolongado por mais alguns volumes ou se os arcos tivessem sido desenvolvidos de forma mais significativa? Tem-se, assim, um primeiro volume muito promissor, mas dois subsequentes que se enfraquecem gradativamente. Reflexo, talvez, de Tezuka ter publicado a história durante três anos em uma Shonei, sendo um trabalho comissionado e sujeito a términos abruptos - aparentemente a série foi cancelada. Há um final conclusivo na adaptação em anime (não sei se em relação à Dororo, companheiro andrógino do ronin e que seria originalmente desenvolvido em profundidade e sexualidade pelo autor nos mangás, justificando assim o título da série) e também fizeram um filme baseado na obra, recentemente - mas pelo trailer que assisti, parece bem leviano, principalmente nos efeitos. De qualquer forma, a explosão criativa de Tezuka já se firmava neste período de produção e suas obras-primas viriam exatamente nos anos seguintes. PS: O design de capa desta edição da Vertical é tão linda quanto as de "Black Jack", que eles também estão republicando.